sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Relatório da Fiesp revela que Brasil gasta mal dinheiro da educação pública

Relatório da Fiesp, Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, afirma que o Brasil gasta mal o recurso que destina para a educação pública.

Entre 1999 e 2008, embora o país tenha gasto pouco menos que a média gasta por 7 países da América Latina, o nível de escolaridade alcançado, de 6,14 anos, é 2,14 anos menor que o do grupo.

O cálculo é um pouco complexo porque, ao final, o estudo estima que o custo médio anual desta ineficiência é de R$ 56 bilhões em relação ao crescimento do Produto Interno Bruto, quando o Orçamento federal para o setor está hoje em torno de R$ 60 bilhões.

Segundo o estudo, a China gasta menos da metade do que gasta o Brasil e tem um nível de escolaridade 19% maior.

Para o deputado Angelo Vanhoni, do PT do Paraná, a comparação entre países é sempre complicada porque as realidades são diferentes; mas ele destaca que, no caso brasileiro, ainda existe muita desigualdade social e há uma herança de baixos investimentos no setor. De qualquer forma, o deputado acredita que isso vem mudando:

"Há dez anos atrás não se olhava para a educação infantil por parte da União, por parte do Estado. Nós tínhamos um fundo, criado para financiar a educação no nosso país, que era o Fundef, que não olhava a educação infantil; não havia recursos destinados pela União para que uma prefeitura pudesse construir uma escola para colocar as crianças de 2 e 3 anos nessa escola e nem recursos para pagar professores desta escola. Hoje já existe este fundo, já é uma conquista da sociedade a compreensão de que o processo educacional começa mais cedo".

O deputado Rogério Marinho, do PSDB do Rio Grande do Norte, afirma, porém, que ainda há muito o que fazer em termos de novas políticas públicas para o setor:

"O ensino médio é enciclopédico, é universal, não prepara para a vida e nós temos pouca oferta no ensino profissionalizante. Então, o adolescente, quando vai para o ensino médio, ele se sente um peixe fora d´água. Então, há uma grande evasão no ensino médio. Há também no ensino fundamental porque as nossas escolas não estão alfabetizando de forma adequada as crianças, isso gera um outro problema que é a distorção idade-série. Criança com 10 anos de idade que deveria estar na 4ª série e está na 1ª série. Ele perde a auto-estima, ele se desestimula, então, ele se evade ou repete de ano".

O estudo da Fiesp também questiona o fato de que a educação superior receba quase 20% da verba federal do setor, sendo que apenas 3,5% dos estudantes de escolas públicas são beneficiados com este ensino.

De Brasília, Sílvia Mugnatto

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

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