terça-feira, 23 de março de 2010

Professor grevista terá bônus menor, diz secretário de Educação

Professor grevista terá bônus menor, diz secretário de Educação

RICARDO WESTIN
da Folha de S.Paulo

No dia em que a greve dos professores da rede estadual de SP entrou na terceira semana, o governo José Serra (PSDB) anunciou ontem (22) um aumento no valor pago em forma de bônus aos salários, mas advertiu que os docentes hoje em greve receberão menos em 2011.

"As faltas [ao trabalho], sem dúvida, influenciarão [o valor do bônus de 2011]", afirmou o secretário de Estado da Educação, Paulo Renato Souza.

O bônus por desempenho é anual e calculado com base no número de faltas do funcionário e na evolução de sua escola no Idesp (índice que considera a reprovação e a evasão, além da nota dos alunos num exame de português e matemática).

A secretaria tem 260 mil funcionários, e 209.833 (80% do quadro) receberão R$ 655 milhões em bônus na quinta-feira. No ano passado, 196 mil ganharam R$ 590,6 milhões. O valor médio, assim, subirá de R$ 3.013 para R$ 3.121. Dos beneficiados, 176.598 são do magistério (professores, diretores, vice-diretores, supervisores, dirigentes e coordenadores).

Se a meta da escola no Idesp de 2009 foi alcançada, a equipe recebe 2,4 salários extras. O bônus é proporcional --se 50% da meta foi atingida, 1,2 salário extra. Os dias em que o servidor não trabalhou são descontados.

Neste ano, o governo decidiu pagar um prêmio a todas as escolas que obtiveram uma nota no Idesp superior à média estadual, ainda que não tenham evoluído entre 2008 e 2009. Nesse caso, o bônus será calculado de acordo com as metas de longo prazo da rede estadual.

A Apeoesp (sindicato dos professores) avisou que o bônus não mudará os rumos da greve. Segundo a entidade, há funcionários que ganharão só R$ 10 extras e outros que não receberão o bônus. Para o sindicato, o justo seria o governo reajustar o salário básico.

Segundo a Apeoesp, mais de 60% dos professores cruzaram os braços por um reajuste salarial de 34,3%. A secretaria, que avisou que não concederá o aumento, calcula que 1% das escolas estejam sendo afetadas.

Hoje de manhã, os grevistas farão um protesto em frente à sede da secretaria, na praça da República. Dizem que tentarão marcar uma audiência com o secretário. "Ainda não recebi nenhum pedido [de audiência]", disse Paulo Renato, repetindo que a greve é "política".

Para a próxima sexta-feira (26) prometem um ato diante do Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi (zona oeste), sede do governo, para pressionar Serra. Na sexta passada (19), cerca 8.000 grevistas, segundo a Polícia Militar, bloquearam parte da Paulista e da rua da Consolação.

terça-feira, 9 de março de 2010

Paralisação dos professores em SP tem baixa adesão

Paralisação dos professores em SP tem baixa adesão

Na capital, poucos profissionais pararam; sindicato diz que greve atingiu de 10% a 60% de acordo com a região
Luciana Alvarez

Poucos professores de escolas estaduais paulistas aderiram ontem à greve aprovada na sexta-feira pela assembleia geral dos sindicatos da categoria. A reportagem do Estado percorreu 16 colégios da capital e todos tinham aulas normalmente, apesar de faltas pontuais de alguns docentes. A categoria reivindica um aumento de 34%.Escolas como a Marina Cintra e Paulo Macalão foram mais atingidas pelas faltas e funcionaram apenas parcialmente, mas não chegaram a fechar.

No interior, 2 das 80 escolas de Sorocaba não funcionaram, e os alunos tiveram de voltar para casa. Em Ribeirão Preto, os grevistas preferiram avisar os alunos sobre o movimento e prometem parar a partir de hoje.

Segundo a Secretaria de Estado da Educação, a rede está operando normalmente, com alguns casos isolados de paralisação. Pelos cálculos do governo, menos de 1% dos 220 mil professores aderiram. Em nota, a secretaria diz que a baixa adesão comprovaria que "a tentativa de greve é um movimento político, inimigo da educação".

O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) informou que a adesão varia de 10% a 60% do corpo docente, dependendo da região. "O importante é que em toda a rede temos algum índice de mobilização", disse a presidente da Apeoesp, Maria Izabel Noronha. "Começamos a trabalhar hoje (ontem) e a tendência é de que a adesão aumente durante a semana."Muitos professores estão descontentes com as políticas da gestão atual, mas ainda assim preferiram continuar a trabalhar. "Terminei meu doutorado e tudo que recebi foi R$ 40", reclama uma professora que pediu para não ser identificada. "Não penso em fazer greve porque, se faltar, perco a única chance de ter um aumento de verdade."

Só podem fazer a prova do programa de promoção por mérito professores com poucas faltas. "Sofremos desvalorização e discriminação, mas a greve não é o caminho", afirmou Mirna Pignatari, agente de organização da escola José Cândido de Souza. "As greves nunca conseguem nada."

COLABORARAM JOSÉ MARIA TOMAZELA, BRÁS HENRIQUE E MÔNICA PESTANACRONOLOGIA

Março de 2009 - Greve não evitou que o governo aprovasse prova para docentes temporários e curso seguido de exame para contratados em novos concursos

Julho de 2008 - Lei sobre transferência de escola provocou 22 dias de paralisação; sindicato não ficou satisfeito com resultado

Novembro de 2005 - Lei que limitava de tempo para a contratação de temporários provocou greve; governo recuou da decisão

Jornal O Estado de S. Paulo de 9 de março de 2010

sábado, 6 de março de 2010

Professores da rede estadual de ensino de SP decidem entrar em greve

Danilo Verpa/Folha Imagem
Professores da rede estadual de ensino de SP votam pela realização de greve; protesto ocorreu no centro de SP
05/03/2010 - 17h07
Professores da rede estadual de ensino de SP decidem entrar em greve

ANDRÉ MONTEIROda Folha Online
Atualizado às 19h05.

Diversas entidades que representam os professores da rede estadual de ensino de São Paulo decidiram paralisar as atividades a partir da próxima segunda-feira (8). A decisão foi anunciada na tarde desta sexta, em assembleia e manifestação realizadas na praça da República, no centro da cidade de São Paulo, em frente à Secretaria Estadual de Educação.

Secretaria da Educação diz que greve é "decisão política"

Segundo a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), cerca de 10 mil professores participam da manifestação, que teve início às 15h. A Polícia Militar, porém, estima em aproximadamente 5.000 o número de manifestantes, segundo o capitão Félix, responsável pelo monitoramento do protesto.

Professor aposentado, José Domingos Rizzo, 57, pendura holerites em guarda-chuva e forma o que chamou de "árvore da miséria"

De acordo com os organizadores, a manifestação foi motivada pela proposta, feita pelo governo, de incorporar as gratificações ao salário dos professores. Pelos cálculos do sindicato, com o projeto atual, o reajuste salarial da categoria ficaria em 0,27% para professores até a 4ª série do ensino fundamental, e 0,59% para os professores da 5ª série do ensino fundamental ao ensino médio.

Entretanto, as entidades representativas reivindicam um reajuste salarial de 34,3% para todos os professores. Além da Apeoesp, participaram da manifestação o Udemo (Sindicato de Especialistas de Educação do Magistério Oficial do Estado de São Paulo), Apase (Sindicato de Supervisores do Magistério no Estado de São Paulo), CPP (Centro do Professorado Paulista), Afuse (Sindicato dos Funcionários e Servidores da Educação do Estado de São Paulo) e Apampesp (Associação de Professores Aposentados do Magistério Público do Estado de São Paulo).

Com a greve, os professores esperam que a gestão José Serra (PSDB) sinta-se pressionada e inicie um processo de negociação para o reajuste dos salários.
A paralisação deve permanecer até a próxima sexta-feira (12), quando ocorre uma nova assembleia para avaliação e definição dos rumos a serem tomados. O local escolhido para o encontro foi o vão do Masp, na avenida Paulista --os organizadores esperam sair de lá em passeata.

Em nota divulgada na noite desta sexta-feira, a Secretaria Estadual da Educação classificou a aprovação da greve como "uma decisão política".

Sobre o reajuste salarial de 34,3%, a secretaria afirma que o Estado já investe 30% do orçamento em educação, e que não há condição econômica para sustentar um "aumento dessa dimensão, o que desorganizaria todos os programas que permitem o funcionamento das mais de 5.000 escolas estaduais".

A greve dos professores de SP é "decisão política"

05/03/2010 - 22h11
Secretaria da Educação diz que greve dos professores de SP é "decisão política"

da Folha Online
Em nota divulgada na noite desta sexta-feira, a Secretaria Estadual da Educação classificou a aprovação da greve dos professores da rede estadual de ensino de São Paulo como "uma decisão política". A paralisação, a partir da próxima segunda-feira (8), foi decidida em assembleia realizada nesta sexta-feira na praça da República, no centro de São Paulo, em frente à secretaria.
Professor aposentado, José Domingos Rizzo, 57, pendura holerites em guarda-chuva e forma o que chamou de "árvore da miséria"

A secretaria considera a pauta de reivindicações da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) como "inimiga da melhoria da qualidade da educação de São Paulo", já que a entidade é contra as provas de avaliação dos professores.

"A secretaria confia que o conjunto dos professores, a exemplo das tentativas anteriores da Apeoesp, não vai se mobilizar em relação a essa pauta que só prejudica o ensino público e que é contrária aos próprios interesses dos professores", afirma a nota.
Sobre o reajuste salarial que motivou a greve --a Apeoesp pede 34,3% para todos os professores-- a secretaria afirma que o Estado já investe 30% do orçamento em educação, e que não há condição econômica para sustentar um "aumento dessa dimensão, o que desorganizaria todos os programas que permitem o funcionamento das mais de 5.000 escolas estaduais".

De acordo com a Apeoesp, a proposta, feita pelo governo, de incorporar as gratificações ao salário cria um reajuste de 0,27% para professores até a 4ª série do ensino fundamental, e 0,59% para os professores da 5ª série do ensino fundamental ao ensino médio.

Com a greve, os professores esperam que a gestão José Serra (PSDB) sinta-se pressionada e inicie um processo de negociação para o reajuste dos salários. A paralisação deve permanecer até a próxima sexta-feira (12), quando ocorre uma nova assembleia para avaliação e definição dos rumos a serem tomados. O local escolhido para o encontro foi o vão do Masp, na avenida Paulista --os organizadores esperam sair de lá em passeata.