quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

SP reprova professores que tiveram depressão

Apesar de terem passado em concurso no Estado, eles trabalharão como temporários

Mariana Mandelli - O Estado de S.Paulo

Professores aprovados no último concurso para a rede estadual de São Paulo estão impedidos de assumir seus cargos por terem tirado, em algum momento de suas carreiras, licenças médicas por motivo de depressão. Por essa razão, devem continuar com contratos temporários. Especialistas afirmam que a decisão é preconceituosa.


Decisão contestada. O professor Jair Berce tirou licenças em 2003 e 2004 e, por causa disso, foi reprovado na perícia médica
O Estado conversou com dois professores que passaram por todo o processo do concurso que selecionou docentes para atuar no ciclo 2 do ensino fundamental. O concurso tem diversas etapas: prova inicial, curso de preparação (que dura cerca de quatro meses), prova pós-curso e diversos exames de perícia médica - fase na qual foram "reprovados". Docentes míopes e obesos também foram impedidos de assumir seus cargos nessa mesma seleção.

Jair Berce, de 36 anos, que leciona na rede pública desde 1994 com contrato temporário, é um dos barrados. Ele conta que, na primeira perícia, foi considerado apto. Seu nome foi publicado no Diário Oficial em 8 de janeiro, na lista dos professores nomeados. No entanto, no dia 26, Berce foi convocado para uma nova perícia. O psiquiatra questionou as licenças médicas que ele havia tirado em 2003 (cinco dias afastado) e em 2004 (duas vezes: dez dias e depois duas semanas).

"Eu nem lembrava mais disso, foi há tanto tempo. Tomei fluoxetina (um tipo de antidepressivo) por seis meses. Hoje não tomo mais, estou muito bem. Foi um período difícil na minha vida: minha mãe tinha morrido, minha irmã tinha sofrido um acidente e eu estava terminando minha tese", lembra. Berce é formado em Ciências Sociais pela USP e tem mestrado em Antropologia pela PUC-SP. Ele também leciona na rede municipal de Barueri.

Nessa mesma perícia, Berce passou pelo teste de Rorschach - que consiste em interpretar dez pranchas com imagens formadas por manchas simétricas de tinta. "Depois que soube da reprovação, pedi para ver o prontuário. Nele, havia a seguinte anotação: "visto avaliação psicológica F-32 - sugiro temerário o ingresso" e "não apto"", conta. F-32 é o código da Classificação Internacional das Doenças (CID) para depressão.

O professor C.Z., de 34 anos, que, assim como Berce, leciona Sociologia, atua na rede estadual há dez anos e foi vetado no concurso pelo mesmo motivo. No ano passado, ele terminou um casamento de cinco anos e precisou se afastar do trabalho. "Foi um período difícil, que me consumiu muito e fui orientado a procurar um psiquiatra para tirar uma licença", lembra ele.

Z. ficou um mês fora da sala de aula. "Eu nunca havia tirado licença do trabalho. E nunca tomei remédio", afirma. Segundo ele, na perícia do concurso, o médico marcou "não apto". "Eu vi quando ele escreveu e perguntei o porquê. Ele disse que era por causa da licença. Tentei argumentar e explicar os motivos, mas ele não quis me ouvir."

Os dois professores continuam dando aulas como temporários. "É contraditório: como posso continuar trabalhando se eles me vetaram?", questiona o professor Berce.

Ambos recorreram da decisão e foram convocados para novas perícias, que devem ocorrer nesta semana (mais informações nesta página).

Discriminação. A psiquiatra da Unifesp Mara Fernandes Maranhão afirma que vetar um docente pelo fato de ele ter tido depressão é preconceito. "Toda pessoa está sujeita a passar por situações difíceis", explica. "Aquelas que têm propensão ou componente genético desenvolvem processos depressivos."

Segundo Mara, são poucos os quadros realmente curáveis, já que há grande chance de recorrência. "Mas a doença é tratável e, com acompanhamento, o paciente pode voltar a trabalhar normalmente. Não existe razão para rejeitá-lo."

Eli Alves da Silva, presidente da Comissão de Direito Trabalhista da OAB-SP, concorda. "Essa pessoas estão sendo discriminadas pelo próprio Estado, que é quem deveria combater esse tipo de coisa."

Para o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), o governo deve "propor acompanhamento a todos os casos de professores com problemas de saúde e não alijá-los do trabalho". A entidade ressalta que seu departamento jurídico tem ingressado com ações na Justiça para garantir aos professores nessa situação o direito de lecionar.

Fonte: Jornal O Estado de SP (24.02.2011)

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

ESTUDANTE QUE PASSOU EM 9 VESTIBULARES DE MEDICINA DÁ DICAS

A estudante Marcela, de 16 anos, passou em nove vestibulares para medicina, incluindo a USP. Foto: Divulgação/Objetivo/Divulgação

Marcela Santos, que passou em nove vestibulares para medicina aos 16 anos, diz que aplicação e atenção são a chave
Foto: Divulgação/Objetivo/Divulgação

CARTOLA - AGÊNCIA DE CONTEÚDO
Especial para o Terra

Passar em Medicina é muito difícil, mas conseguir essa façanha aos 16 e fazê-la nove vezes pode até parecer impossível. Não para Marcela Santos, 16 anos, que quer ser médica e pôde escolher entre nove universidades diferentes para começar a carreira.

A estudante foi aprovada na USP, na Unicamp, na Unesp, na Unifesp, na UFRJ, na UFCG, na Puccamp, na Puc-PR e na Unimes. Marcela chegou a fazer provas em estados diferentes - tentou até a UFSM, no interior do Rio Grande do Sul.

"Realmente não achei q fosse passar em nenhuma", afirma a humilde vestibulanda.

Agora já matriculada na USP, a estudante conta que, apesar de ter pulado a série anterior à 1ª do ensino fundamental, em que entrou com seis anos, não era a melhor da turma nem a mais aplicada.

"Eu estudava mais de véspera", lembra Marcela, que afirma que gastava boa parte do tempo livre com atividades extra-curriculares, como balé.

Porém, no último ano antes do vestibular, a rotina de Marcela mudou. A aluna passava todas as tardes no colégio, estudando e tirando dúvidas. Até maio, o tempo livre era usado apenas para dormir e comer, mas não estava dando certo.

"Eu estava muito cansada, não comia direito nem dormia. Aí, diminuí as horas de estudo", recorda.

Com um foco mais equilibrado, o sucesso foi certeiro. Confira abaixo os conselhos da paulista para fazer bonito nos vestibulares:

- Preste muita atenção nas aulas. "Me dediquei a fazer mais isso, a me focar mais nas minhas dúvidas", diz Marcela.

- Saia, socialize. Faça programas leves e curtos, como jantar com os amigos.

- Faça o máximo de simulados possível. Marcela fez, por exemplo, o da Fuvest e o do Enem.

- Treine o seu tempo e a sua resistência física. Isso pode fazer muita diferença na hora da prova.

- Tente aprender com as provas antigas que fez, entender por que errou. "Essas questões podem cair em outros vestibulares", diz.

- Procure fazer muitas redações. Uma por semana, se possível. "Claro que tinha semanas que não dava, mas eu tentava manter o ritmo." Ler os editoriais dos jornais de grande circulação ajuda para argumentar nos textos. Fazer resumos desses editoriais também é uma maneira de fixá-los.

- Esteja por dentro do que acontece no país e no mundo. "Eu lia bastante jornal, pelo menos o caderno principal, e assistia ao noticiário à noite", recorda. Atividades como essa fizeram Marcela acertar, por exemplo, questões sobre o vazamento de petróleo que ocorreu no Golfo do México em 2010, que caiu em várias provas. "Valeu a pena prestar atenção."

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Professora tem olho ferido por apontador no interior de SP

FÁBIO AMATO

DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Uma professora de 50 anos teve o olho ferido por um apontador atirado por um aluno do primeiro ano do ensino médio em uma escola estadual de São José do Rio Preto (440 km a noroeste de São Paulo).

O caso aconteceu na segunda-feira (14) na Escola Estadual Dr. Oscar Barros Serra Doria, que fica no bairro Solo Sagrado, periferia da cidade.

O aluno foi identificado. O conselho escolar do colégio, em reunião com os pais do rapaz nesta quinta-feira, decidiu puní-lo com um dia de suspensão.

De acordo com a polícia, a professora Rosemeiri Aparecida Silveira Souza estava substituindo uma colega na aula de geografia. Quando o sinal tocou anunciando o fim da aula, os alunos se levantaram para sair da sala e ela se colocou na frente da porta para impedí-los.

Rosemeiri estava atendendo a orientação da direção da escola, que prevê que os alunos devem permanecer na sala até a chegada do próximo professor.

No momento em que impediu a saída dos adolescentes, um apontador foi atirado e atingiu o olho direito da professora. Ela passou por atendimento médico que constatou uma lesão.

Fonte: Folha de SP