terça-feira, 21 de setembro de 2010

Apontamentos sobre a Academia Paulista de Letras


José Renato Nalini, Presidente da Academia Paulista de Letras e desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo.

Apontamentos sobre a Academia Paulista de Letras

Pela acadêmica Myriam Ellis

Uma visão retrospectiva da vida da Academia Paulista de Letras conduz ao período inicial dos seus primeiros tempos, quando momentos cruciais de apatia, inanição e morte aparente anteciparam os da fase decisiva e determinante do seu ressurgimento, reestruturação e sobrevivência.


Os anos de 1909 a 1919 assinalam o primeiro momento, o da inauguração, a 27 de novembro de 1909, em noite de gala, no palacete do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, à rua de São João, até o desaparecimento, em 1918, do seu fundador, o dr. Joaquim José de Carvalho, Secretário geral e primeiro titular da Cadeira nº 4, seguido, no ano seguinte, da morte do primeiro Presidente eleito, o dr. Brasilio Machado de Oliveira.


O segundo momento, de 1919 a 1929, é o do conseqüente esmorecimento, da inanição e do colapso da entidade...


O terceiro, de 1929 a 1931, determina o seu renascimento, graças ao esforço conjunto e obstinado dos acadêmicos Pedro Augusto Gomes Cardim, Ulisses Paranhos e Amadeu Amaral, em atuação decisiva no sentido da sobrevivência da Academia, e equivalente a uma segunda fundação...


Ao médico e polígrafo, natural do Rio de Janeiro e radicado no interior paulista, o dr. Joaquim José de Carvalho, homem de franqueza exuberante, inteligência brilhante, cultura ampla e sólida, idealista, batalhador, enérgico, obstinado e polêmico, a ele devem-se o empenho e a coordenação dos esforços que levaram à criação da Academia Paulista de Letras, em fins de 1909, da qual foi o primeiro Secretário geral e Procurador.


Diz ele em seu Relatório, lido na sessão inaugural daquele ano:


...aqui se acham a jurisprudência, a economia política, a medicina... a teologia dogmática ao lado da reforma, do livre pensamento e do positivismo, a biologia, a filosofia, a interpretação dos fenômenos ocultos, a engenharia prática, a matemática, a cosmografia, a filologia, a lingüística, o beletrismo, a poesia, a arte dramática, a música, o jornalismo, o parlamentarismo, todas as atividades operosas da inteligência humana, todas as opiniões...crenças por seus lídimos representantes, sem distinção de sexo, sem partidarismo, sem exclusão alguma, em mescla conveniente e simpática, em um convívio que queremos há de ser harmonioso...pois Pro Litteris Scientiisque Laboramus!...


Decorridos doze anos da fundação, por volta de 1921, esmorecia e definhava a Academia Paulista de Letras, pela perda do seu fundador e grande incentivador e do seu primeiro Presidente (1909-1919).


Na ocasião, sem sede própria, realizavam-se as reuniões em uma das salas da antiga residência da família do futuro acadêmico Pedro Oliveira Ribeiro Neto, à rua dos Timbiras nº 2. (Somente a 25 de janeiro de 1948 seria lançada, no Largo do Arouche, a pedra fundamental do edifício sede da Academia, cuja primeira sessão plenária, a 24 de abril de 1952, precedeu o seu acabamento definitivo em 1955). Conseqüentemente, dispersaram-se os acadêmicos e recolheu-se a Academia a uma vida letárgica, como se deixasse de existir na condição de sociedade regularmente constituída e consciente de suas atribuições, motivo pelo qual escasseiam as notícias relativas ao período.


Sem sede, sem arquivos e praticamente acéfala, se não se extinguiu definitivamente a instituição, foi graças à firmeza do seu dedicado e atento Secretário geral - desde 1909 - Ulisses Paranhos.


Decorridos nove anos, somente em 1929, os acadêmicos Amadeu Amaral, Ulisses Paranhos e Pedro Augusto Gomes Cardim decidiram congregar os confrades, sistematizar as reuniões, preencher as vagas e infundir alento e vida nova à combalida Academia. Ressuscitá-la, enfim. A iniciativa, é justo ressaltar, partiu do ânimo resoluto e enérgico de Gomes Cardim e do seu desempenho junto àqueles companheiros, no sentido de uma concentração de esforços, de que resultaram as sessões de 23, 25, 27 e 28 de abril daquele ano, para reforma e ressurgimento da entidade, realizadas no Conservatório Dramático e Musical paulista.


Ainda em abril, promoveram-se as eleições para preenchimento das doze Cadeiras vagas por morte de antigos ocupantes e para escolha da nova diretoria e de comissões permanentes e outras medidas que assinalam a retomada do ritmo de vida e de trabalho, no processo de reerguimento da Academia.


Em maio, na sessão do dia 3, foi eleita, proclamada e empossada a Diretoria para o ano de 1929: Presidente, Amadeu Amaral - grande poeta, altamente representativo na corrente literária entre o apogeu parnasiano-simbolista e o Modernismo - Ulisses Paranhos, Secretário geral, Artur Mota e Sud Menucci, primeiro e segundo Secretários, e Afonso de Freitas, Tesoureiro.


Na sessão seguinte, a sétima, de 4 de maio de 1929, o segundo presidente da Academia Paulista de Letras fez o seu primeiro pronunciamento a propósito da reforma do estatuto, no dispositivo referente aos membros ausentes (residentes fora do Estado de São Paulo) e às novas eleições, pronunciamento esse que revela, ainda, o espírito e as metas da Academia ressurgida. Uma nova Academia. A que subsistirá...

Maurício de Sousa se candidata na Academia Paulista de Letras

Maurício de Sousa se candidata na Academia Paulista de Letras

Para prover a vaga da Cadeira 24, deixada por morte do poeta e jurista Geraldo de Camargo Vidigal, fez sua inscrição o paulista de Santa Isabel MAURICIO DE SOUSA.

Desde a infância, em Mogi das Cruzes, MAURÍCIO já desenhava e rabiscava nos cadernos escolares. Em seguida mudou-se para a capital e trabalhou durante cinco anos na Folha da Manhã, escrevendo reportagens policiais. Em 1959 criou seu primeiro personagem, o cãozinho Bidu. Depois criou mais tiras, outros tablóides e diversos personagens, além do Franjinha, dono do Bidu: Cebolinha, Piteco, Chico Bento, Penadinho, Horácio, Raposão e em 1970 lançou a Revista da Mônica pela Editora Abril, tiragem de 200 mil exemplares.

Sua mais recente criação foi anunciada em dezembro de 2005, o personagem Ronaldinho Gaúcho, publicado em revistas de mais de 20 países com linha completa de produtos infantis licenciados no Brasil e na Europa. Suas criações estão em 30 países e entre as revistas em quadrinhos mais vendidas no Brasil, dez são de MAURICIO DE SOUSA. Acrescente-se a isso as centenas de livros ilustrados, revistas de atividades, álbuns de figurinhas, CD-ROMs, livros tridimensionais e em Braille. A preocupação de MAURÍCIO é ensinar, orientar e informar de forma leve e bem-humorada a infância universal. Recebeu inúmeras condecorações, prêmios, láureas, foi o pioneiro na montagem de estúdios de animação e som no Brasil e realizou desenhos animados exibidos com sucesso na TV e no cinema. Tem ao menos doze longas-metragens, inaugurou e fez funcionar o Parque da Mônica, local que atrai as crianças e seus pais e recebe meio milhão de crianças por ano. É sete vezes vencedor do prêmio Ibest, com o melhor site infantil brasileiro, com mais de 15 mil páginas. Esse site é visitado por crianças de todo o mundo, com mais de 30 milhões de páginas acessadas por mês.

Fundou em 1997 o Instituto Cultural Maurício de Sousa, para desenvolver campanhas sociais colocando assuntos sérios de forma leve e coloquial em revistas em quadrinhos, de maneira a atrair tanto leitores infantis quanto adultos. Utilizou temas como saúde, educação, cultura e ecologia e produziu campanhas para a OPAS – Organização Pan-Americana da Saúde, WHO, UNESCO, UNICEF e Associação Americana do Coração e para os Ministérios da Saúde, Educação, Agricultura e Transportes, com mais de 70 milhões de revistas institucionais distribuídas gratuitamente.

Recentemente, seus personagens servem para a campanha mundial “Salve o Planeta”. MAURICIO DE SOUSA sabe e reconhece que o meio ambiente é o assunto de maior urgência e gravidade a ser enfrentado por todos os humanos neste século.
A eleição para a Cadeira 24 está prevista para 2 de dezembro de 2010.


Fonte: Academia Paulista de Letras

Academia Paulista de Letras

As reuniões semanais da Academia Paulista de Letras são encontros solenes.

Pontualmente às 17 horas das quintas-feiras, depois de servido o chá, pelo menos metade dos quarenta imortais se reúne em sessão plenária. No salão com mobiliário clássico de jacarandá no 2º andar de um prédio de 1948 no Largo do Arouche, no centro, homens de terno e gravata e senhoras de vestidos sóbrios discutem, ao longo de uma hora, questões da língua portuguesa e da literatura. Tratam-se por "excelência", como exige o regimento inspirado nos ritos da Academia Francesa de Letras, criada em 1634. No fim, despedem-se, já usando o tratamento coloquial de "confrades" e "confreiras", recebem o jetom de 250 reais por sessão e voltam para casa.

Nos últimos cinco anos, 25% da academia foi renovada. Isso quer dizer que dez respeitáveis figuras da literatura do estado morreram, cedendo suas disputadas cadeiras a novos nomes (alguns estão destacados abaixo). Embora a formalidade dos rituais continue a mesma presenciada em 1963 na posse do poeta Paulo Bomfim, de 81 anos, acadêmico em atividade há mais tempo, essa turma tem retirado parte da poeira que cobria o ambiente. Alguns encontros das quintas-feiras passaram a ser abertos, como a palestra de Lygia Fagundes Telles em junho. Os acadêmicos também se reúnem fora, caso dos jantares de posse de Ruth Rocha, no Museu da Língua Portuguesa, e de Ignácio de Loyola Brandão, no Palácio dos Bandeirantes.

"Ao criar a Academia Brasileira de Letras, em 1897, Machado de Assis idealizou uma casa de bom convívio formada por literatos, personalidades de várias áreas e jovens entusiastas", defende o presidente, José Renato Nalini. Ao entrar para a academia, em 2003, como o então mais jovem dos integrantes, aos 57 anos, Nalini percebeu espaço para a abertura. Os acadêmicos de São Paulo não usavam o fardão, obrigatório na Academia Brasileira de Letras, sediada no Rio de Janeiro, e os chazinhos de erva-cidreira já tinham dado lugar a cervejas e doses de uísque, como acontece até hoje. Depois que assumiu a presidência, em 2006, Nalini estimulou as palestras e os concursos literários. Encampou bandeiras polêmicas, como a proposta de visitação pública da biblioteca de 100.000 volumes, que inclui um exemplar de Os Lusíadas, de Luís de Camões, de 1572. Busca ainda patrocínio para reformar o anfiteatro, de 556 lugares, fechado desde que o teto cedeu, no ano passado. "Se abrirmos o espaço para espetáculos, criaremos receita", diz, admitindo dificuldades orçamentárias para bancar os nove funcionários. A principal fonte de renda da academia, que completa 99 anos em novembro, é o aluguel, por 50 000 reais mensais, de treze andares de seu prédio para a Secretaria de Estado da Educação.

Os novos ventos sopraram mais fortes depois que Gabriel Chalita assumiu a cadeira 5, em 2006, com apenas 37 anos. "Ele é um realizador cheio de idéias", afirma Walcyr Carrasco, de 56 anos, que tomará posse em setembro. Bem relacionado e acostumado a lidar com idosos – nasceu temporão, quando seu pai tinha 54 anos, e viveu vizinho a um asilo –, Chalita estimulou a abertura oferecendo quatro jantares em sua casa no ano passado (o primeiro deles, com comida japonesa, era moderninho demais e foi um fiasco). Ele conquistou aliados e desponta como provável candidato a presidente nas eleições de dezembro. "Essa deve ser uma casa eclética, com nomes de prestígio que contribuam com a academia e com a cultura de São Paulo", acredita Chalita. Não à toa, os quatro membros que chegaram em 2008 vieram de áreas que antes tinham pouca representatividade. São eles a escritora de livros infantis Ruth Rocha, o cientista social Jorge Caldeira, o novelista Walcyr Carrasco e a folclorista Ruth Guimarães.

As modificações, porém, não têm aprovação unânime. "O estatuto diz que as reuniões devem ser internas e fechadas aos acadêmicos", afirma o ex-presidente Erwin Rosenthal, de 82 anos. "É preciso cuidado para que o número de integrantes de outras áreas não supere o de letristas profissionais", defende o biólogo Crodowaldo Pavan, de 88 anos. O poeta Mário Chamie, de 75, contesta: "A incorporação de jovens evita o processo de anacronismo, mas as iniciativas meramente sociais não podem superar as culturais". Mesmo a contragosto de alguns, a academia se revigora. Ainda assim, não é raro integrantes dormirem nas reuniões. Outros têm dificuldade de audição e houve casos de quem passasse mal durante a sessão. "Somos membros vitalícios fadados a nos reunir até nossos últimos dias", lembra Nalini. "Queremos preservar o sentido da confraria e tornar nossa casa atraente para a juventude."

José Renato Nalini
Cadeira 40

Na academia desde 2003, é presidente há dois anos e deixa o cargo em dezembro. Tem 62 anos.Desembargador, juiz e doutor em direito, escreveu dez livros da área jurídica, como Ética e Justiça

Gabriel Chalita
Cadeira 5

Aos 39 anos, o caçula da APL assumiu em 2006 e escreveu 45 livros, entre eles Os Dez Mandamentos da Ética. Educador, jurista e filósofo, foi secretário estadual de Educação

Ruth Rocha
Cadeira 38

Multipremiada autora de 142 livros infantis (Marcelo, Marmelo, Martelo vendeu mais de 1 milhão de cópias), essa cientista política e social de 77 anos assumiu o posto de imortal no mês de março

Jorge Caldeira
Cadeira 18

Desde maio na academia, é cientista social e doutor em ciência política. Tem 53 anos e publicou sete livros, entre os quais Mauá, Empresário do Império e Noel Rosa, de Costas para o Mar

Ruth Guimarães
Cadeira 22

Especialista em cultura popular, escreveu dezoito livros. Entre suas treze traduções há obras de Balzac e Dostoievski. Tem 88 anos. Eleita em junho, assume o posto em setembro

Walcyr Carrasco
Cadeira 14

É autor de oito novelas, entre elas Sete Pecados e Chocolate com Pimenta, três peças, dois livros adultos e doze infanto-juvenis. Tem 56 anos e é cronista de Veja São Paulo

Fonte: Revista Veja

Pedagogo explica o que fazer antes de escolher a carreira; leia entrevista na íntegra

GERMANO ASSAD
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O pedagogo Silvio Bock, diretor do Nace, empresa de orientação profissional, já ajudou milhares de jovens no difícil momento de decisão por um curso superior.


Silvio Bock, 58, consultor de orientação profissional, fala em entrevista à Folha sobre as profissões recém-criadas.

O método da abordagem sócio-histórica, criado por ele, leva em conta a evolução da sociedade, das instituições e das tecnologias. E emprega um processo que contextualiza as necessidades e anseios da adolescência com a realidade do mercado e dos campos de trabalho.

Confira a entrevista com o consultor, que fala sobre as profissões recém-criadas:

*
FOLHA - Como surgem as novas profissões?
SILVIO BOCK - Mercado de trabalho é uma relação concreta de oferta e procura. Campo de trabalho é o potencial de trabalho que uma dada área, não necessariamente convertida em mercado, possui. E aí estão incluídos os campos já conhecidos e os campos a conhecer. Ou seja, estou dizendo que as profissões e ocupações têm movimento, elas não são estáticas no tempo. Se as profissões quiserem continuar existindo, logicamente elas têm que criar novos campos de trabalho, novas possibilidades de intervenção ­ o que as profissões tradicionais fazem com muita percepção da realidade, novas possibilidades. O direito, por exemplo, área mais tradicional do que esta não existe. E você tem áreas novas como o direito internacional, o direito ambiental, o direito do consumidor que é muito recente, os direitos difusos que existem hoje e são estudados na USP, quer dizer, as profissões são capazes de criar novos campos de trabalho. Isso é importante dizer, elas não surgem do nada essas necessidades, esses novos cursos. Provavelmente elas já existem na realidade e as instituições captam essa existência, ou uma tendência e acabam colocando isso de uma maneira formalizada na universidade, ou num curso técnico, ou num curso livre.

Muitas das profissões criadas eram inclusive cadeiras de outros cursos.
Como zootecnia era uma cadeira de veterinária, tempos atrás. E acaba se destacando. Esse preâmbulo é importante para dizer que não é do nada, não são invenções simplesmente. Elas conseguem captar uma necessidade. Se elas vão sair da idéia do campo para se transformar em mercado são outros quinhentos. Então, por exemplo, os cursos da USP, tirando duas ou três exceções da zona leste, são invencionices que não tiveram respaldo no mercado de trabalho. Aquele curso de gerontologia foi uma invencionice porque gerontologia é um campo de trabalho da medicina, da fisioterapia, da psicologia, da fonoaudiologia, da terapia ocupacional, é um campo conhecido.

Mas vemos sinais, no mundo todo, que a população idosa está crescendo, e muito, será que não há uma defasagem de médicos, fisioterapeutas e profissionais para atender esse público? Será que não há de fato uma demanda que não vem sendo suprida?
Isso tem que ser levado em conta. Mas de qualquer forma é uma invencionice, porque as pessoas não encontram local para trabalhar. Porque pode ser uma especialização de várias possibilidades. Não sou contra, de repente poderia ser um belíssimo curso de pós, mas fazem uma graduação. Aí temos o problema específico do curso de obstetrícia. Quer dizer, inventaram esse curso em cima de uma justificativa até lógica, só que a própria USP não reconheceu os formandos de obstetrícia, tanto é que o curso foi transformado em um curso de enfermagem. Então, os cursos da USP, a parte têxtil houve um bom reconhecimento, até mudou de nome, ele atingiu de fato uma necessidade, é um curso que teve respaldo e teve um reflexo na realidade. Mas outros, o marketing, por exemplo, é uma área existente, que eles traduzem num curso específico. Aí a pergunta é como é que as pessoas chegam no marketing, ou via publicidade ou pela administração de empresas, são duas possibilidades de formação. A USP inventa esse curso, que pode ser interessante, mas não fica claro que profissional é esse. Então, nós temos que tomar cuidado em falar de novas áreas de intervenção e novos cursos. Quer dizer, a nanotecnologia é uma área que já existe, está havendo um desenvolvimento visível, já tem físicos, engenheiros trabalhando com isso, e de repente surge uma nova área, como a biotecnologia também, área de trabalhar com genética, transgênicos... e a nossa questão geral é que o problema da graduação é que cada vez existem mais especialidades, esse educomunicação, da USP, é muito interessante, é feito na comunicação, quer dizer... habilita para dar aulas de comunicação e desenvolver projetos midiáticos no ensino fundamental e no terceiro setor. É uma coisa muito interessante, formar um profissional para essa área, não acho ruim. Agora... tem pedagogia aqui? Cadê a pedagogia? Não estou vendo... não tem. É um curso que está percebendo uma realidade, agora, saber se ele vai encontrar respaldo nessa realidade é outra história. A FAAP tem um curso de pós nessa área, de educomunicação. Aí vem gente da comunicação, da pedagogia, da psicologia. Então, na minha opinião, falta um pouco de critério. As faculdades privadas estão garimpando mercado e buscando novas possibilidades de ganho. Quem é muito perspicaz nisso é a Anhembi, que tem muitos cursos diferentes. Alguns pegam e outros não pegam. Os que não pegam eles fecham, não tem problema algum, e logo lançam outros.

Nessa questão da nanotecnologia, há um documento, do programa preliminar do Plano Plurianual 2004 - 2007 para Desenvolvimento da Nanociência e da Nanotecnologia no Brasil que alega inviabilidade na criação de cursos de graduação.
Vamos lembrar... isso de não ser viável é complicado. Muitos anos atrás surgiu um curso de oceanografia no Rio de Janeiro, em uma faculdade privada que não me lembro o nome. E a USP falava não, oceanografia não pode ser um curso de graduação, tem que ser um curso de pós-graduação, eles tinham o instituto oceanográfico, tinham uma belíssima pós-graduação e nunca abriram o curso de oceanografia. Estamos falando da década de 80, 90, eles tinham essa posição. E hoje, recentemente, a própria USP abriu um curso de oceanografia. Quer dizer, falar que não é viável também não diz muita coisa. Não é viável segundo a perspectiva de alguém.

Temos que alertar o pessoal sobre os cursos "caça-níquel", que em entidades privadas são compreensíveis, mas nas públicas, acontecem por pura falta de critério?
Eu me interessei e fui atrás de informações para saber porque fizeram esses cursos na zona leste. E a resposta é que foram feitos estudos, e que não pode haver cursos de pós-graduação na mesma área, é uma norma do estatuto. Mas vamos lembrar outras histórias. A USP, muitos anos atrás, teve uma divisão no curso de Educação Física e criaram o curso de Esportes. Então hoje existe esportes e educação física, que não existia antes. Se você verificar porque isso aconteceu, o que aconteceu, há um estudo aprofundado? Que nada, é uma briga de departamento, uma briga de pessoas e existe até hoje perturbando a vida de nossos infelizes alunos do ensino médio que precisam optar entre um e outro e nunca fica muito claro o que o outro faz. Então não dá pra pensar que tudo foi feito numa sólida base... quer dizer, o curso de gerontologia não precisa fazer pesquisa, é só pegar a questão demográfica no mundo e no Brasil também, a população idosa é crescente, por isso várias profissões começam a se dedicar também a questão do idoso, então você tem o turismo do idoso, a fisioterapia, a medicina, a terapia ocupacional, a educação física... e aí se cria o curso de gerontologia, que traz um foco específico, o que é interessante, mas... onde é que vai trabalhar esse cara da gerontologia, que não é médico, que não é fisioterapeuta, que não é educador, eu não sei. Não sei se vai encontrar espaço, apesar de dizer: o mundo está envelhecendo. As profissões não surgem do nada, na verdade a necessidade vem se constituindo na mudança da sociedade, nas mudanças da tecnologia, e de repente um curso se destaca. Em geral já existem pessoas intervindo nessa área antes da formalização do curso, quase sempre, se não for um curso inventado. A nanotecnologia surgiu porque algumas pessoas de algumas áreas, principalmente da química, começaram a atuar nessa área, lógico que é uma área nova. Agora, se formar nessa possibilidade diretamente é um risco, porque você não tem outras formações que pudessem te deixar mais flexível no mercado, por outro lado, você tem uma superespecialização que é uma vantagem. No caso da nanotecnologia que dizem que é uma tecnologia que veio pra ficar, que está nas nossas vidas, não que seja futuro, já está presente em nossas vidas. Aí depende de caso por caso, porque no Brasil nós temos a tradição de uma formação muito específica. Estava lendo um artigo de um pesquisador, engenheiro, onde ele propõe a normatização de nomenclatura para cursos. Porque hoje, a USP oferece vinte e tantas engenharias, e tem muito mais. Engenharia física, será que é necessária? Com esse nome? Alguém inventou.. então é um movimento de pêndulo, é um avanço que pode também significar um retrocesso, pode significar ainda uma esperteza de alguém para abrir um curso e capturar algum tostão, a universidade pública não é tão bonita e perfeita, um grupo de professores que decide rachar e consegue poder para instituir uma nova faculdade...

Como se precaver?
Tem que buscar informações de todos os lados. Ele tem que não só ler o folheto do curso, que é uma fonte de informação, mas tentar buscar outras possibilidades, conversando com profissionais, da área ou que estão próximos da área. Também pesquisando a qualidade da instituição que oferece o curso, hoje se tem a avaliação da instituição como um todo, o MEC promove, se é uma instituição que está bem ou não avaliada, também dá o caráter disso.

Na sua opinião, algum dos cursos não deveria estar na lista?
A obstetrícia, da USP, educação especial, eu não entendo isso. Eu sou pedagogo de formação, é uma possibilidade de formação dentro da pedagogia e já existia, não é nova, quer dizer, é nova em função deste momento, que fala-se em legislação específica da área, que busca integração, mas dizer que é nova, não sei. Jogos digitais é uma realidade de fato, que junta design com computação. Agroecologia, eu conheço mil intervenções. É um curso específico para fazer a produção agrária de forma ecológica. É uma visão, eu conheço a termacultura, que é uma filosofia de resposta ao mundo, de como deveriam ser as moradias e o plantio. Essa aqui pega uma moda, perfeito... agora, porque não ser uma grande cadeira do curso de agronomia? Petróleo e gás, na verdade poderia ser uma especialização de cursos que já existem como engenharia de minas e geologia, que vem com essa moda do pré-sal, que vai contra o digamos assim, pessoal mais ecológico.

Sobre as graduações tecnológicas...
Essas formações tecnológicas se multiplicaram com a idéia de suprir as necessidades regionais. É como o curso de fotografia do SENAC, é super legal, mas quatro anos... é como esse outro de estética, o visagismo. É ótimo, mas podia ser tecnológico, e não bacharelado de quatro anos... mas isso ainda precisa se provar no mercado. A questão do mercado de trabalho no Brasil é uma coisa complicada, primeiro porque há uma disfunção salarial muito desequilibrada, e o mercado se aproveita disso. Então, de repente, o mercado pode começar a considerar que a formação tecnológica é uma formação de segunda linha. Eu não sou contra, mas pode considerar, e a pessoa pode ter dificuldades de ascensão por não ter bacharelado. Pode ser um critério de seleção. Mas ainda é muito pouco tempo pra que se tenha clareza, o que se sabe é que esse mercado tecnológico na área de eletrônica tem sido capaz de incorporar as pessoas formadas. Mas será que está havendo uma diferenciação (e isso eu não sei te responder) entre salários e cargos de tecnólogos e bacharéis?

De qualquer maneira, os tecnólogos podem continuar complementando a formação.
Podem inclusive complementar seus estudos e conseguir um bacharelado, ou entrar direto em uma pós, sem problema algum.

Fonte: Folha de SP

Não crie patinhos feios na turma, aprenda a promover o diálogo entre crianças

Um dos grandes desafios de professores da Educação Infantil é despertar a curiosidade, a atenção e a afeição das crianças. Em uma fase complexa do desenvolvimento, com a compreensão de mundo ainda muito no começo e a falta de senso em lidar com tantos sentimentos, é natural que a comunicação entre alunos e professores apresente dificuldades.

"50 Atividades para Estimular a Interação na Escola" trata exatamente deste soluço. Com o intuito de orientar e fornecer novas dicas aos professores, a autora Sylvia Dorance promove um passeio pelo campo do diálogo. As atividades propostas no livro visam o desafio de favorecer a autonomia de cada um, suscitar a curiosidade e ensinar a complexa relação dos atos e sentimentos próprios e dos outros.

Sylvia Dorance afirma que a demanda pela educação para a cidadania existe, e esta tarefa deve ser tratada dentro de um contexto social real, sem clichês ou ideias prontas. Para isso, aborda em seu texto toda a construção de um cenário favorável, indicando o papel do professor, a pressão exercida na profissão, a valorização de iniciativas e conquistas a fim de alcançar e estabelecer o diálogo.

Nos exercícios propostos, questionamentos sobre animais, situações engraçadas, brincadeiras perigosas, respeito pelo amigo e pelo professor, jogos de opiniões, valorização da família e a descoberta do mundo institucional (eleições, organização pessoal e cidadania) compõem a obra.

Leia trecho.

*
Jogo da raiva e do afeto

Nível 3

Objetivos gerais: conscientizar as crianças sobre as particularidades de suas emoções.
Ensinar a dominar as emoções.

Competências específicas: ter domínio sobre os gestos e expressões. Saber observar. Provar que tem imaginação.

Material / Preparação: uma pilha de revistas em quadrinhos, e, se possível, revistas de teatro ou cinema. Post-it ou tiras de papel para marcar as páginas interessantes.

Para começar
Essa atividade, emprestada dos métodos de práticas de atores de teatro, consiste em fazer a mímica dos sentimentos fortes e passar instantaneamente de um para outro.

Desenvolvimento
Descobrindo as emoções

Distribuir as histórias em quadrinhos e as revistas para as crianças. Pedir que olhem com atenção e procurem fotos ou imagens de pessoas tristes, alegres, com raiva, com medo, etc. As páginas devem ser marcadas com Post-it. Quando todas as revistas forem vistas, cada uma mostra o que encontrou e diz do que se trata: raiva, medo, etc. As outras dizem se concordam ou não.

O jogo das imitações

Cada criança escolhe, entre os sentimentos encontrados, aquele que deseja imitar. Uma de cada vez, as crianças imitam a imagem diante da classe. As outras devem adivinhar do que se trata. A mímica pode envolver as expressões faciais, mas também gestos e atitudes do corpo.

O exercício mais difícil

Agora, pedir às crianças que escolham duas expressões opostas: tristeza/alegria; raiva/contentamento; boa surpresa/má surpresa. Elas treinam um pouquinho, por exemplo, de dois em dois. Depois, uma após a outra, elas passam diante da classe.

Mostrar como deve ser feito: elas se apresentam normalmente diante da classe; em seguida escondem o rosto com as mãos e, quando a retiram, elas mostrarão a expressão que escolheram. Quando o professor dá um sinal, elas escondem novamente o rosto e, em seguida, mostram a expressão oposta. As crianças conseguem fazer o jogo rapidamente. Às vezes é difícil de fazê-las parar!

Desdobramentos
O professor pode fotografar as expressões, imprimir em papel normal e montar um livro. Depois, passar rapidamente as páginas a fim de dar a impressão de animação (princípio do filme e do desenho animado).

A atividade também pode ser gravada em vídeo, mostrando os rostos e as expressões. Com esse formato, pode ser apresentada num espetáculo da escola.

Fonte: Folha de SP

Há 89 anos nascia Paulo Freire, importante educador brasileiro


Bel Pedrosa/Folha Imagem

Paulo Freire (1921-1997) é considerado um dos maiores educadores brasileiros de todos os tempos. Conhecido mundialmente pela "Pedagogia do Oprimido", Freire obteve reconhecimento com o sucesso da eficiente e rápida educação popular de adultos.

Formado em direito, não exerceu a profissão, tendo escolhido direcionar a carreira para o magistério. Contudo, as experiências nas salas de aula incomodaram Freire, porque ele entendia que com forma tradicional de ensino o conhecimento não avançava.

De acordo com seu pensamento, o aluno no papel passivo - de ouvinte -- não consegue desenvolver o senso crítico, ao mesmo tempo em que o professor, no vício de ensino sem questionamentos, também fica refém do próprio saber.

Conhecido como "Método Paulo Freire", a teoria visa o ensino mais rápido e objetivo dos alunos. E mais do que isso, o educador defende que as aulas devem instigar o conhecimento e provocar o questionamento por parte dos alunos.


Proposta pensada a partir da realidade do Terceiro Mundo

Para Fernando José de Almeida, autor de "Paulo Freire", da coleção Folha Explica, "seu trabalho foi marcante principalmente nas áreas de alfabetização, da conscientização popular e da organização curricular, em países ou regiões marcados pela opressão e pelas desigualdades educacionais e econômicas."



O trabalho de Paulo Freire sempre esteve ligado à política, com fortes influências do marxismo e citações a líderes como Che Guevara e o chinês Mao, e uma de suas afirmações mais famosas passeia por esta linha de pensamento. Freire dizia que somente os oprimidos podiam libertar os opressores.

Costumava dizer também que "ninguém ensina ninguém, mas ninguém aprende sozinho". Palavras duras e que mexeram com a cabeça de muitas pessoas, para gosto ou desgosto dos profissionais da área.

"Ler, segundo Freire, não é caminhar sobre as letras, mas interpretar o mundo e poder lançar sua palavras sobre ele, interferir no mundo pela ação. Ler é tomar consciência. A leitura é antes de tudo uma interpretação do mundo em que se vive. Mas não é só ler. É também representá-lo pela linguagem escrita. Falar sobre ele, interpretá-lo, escrevê-lo. Ler e escrever, dentro de uma perspectiva, é também libertar-se. Leitura e escrita como prática de liberdade."

Alguns outros livros curiosos para a introdução e estudo do pensamento do educador Paulo Freire são "Dicionário Paulo Freire", "Paulo Freire, uma Bibliografia", "Pedagogia da Esperança" e Ensinar e Aprender com Paulo Freire 40 Horas 40 Anos Depois"

Folha de SP

Paulo Freire, Elementos do seu método

O método construído por Paulo Freire a partir de sua prática pedagógica, em articulação com os carentes sociais e culturais de seu estado de Pernambuco, gerou um programa de alfabetização que marcou as quatro últimas décadas do século 20. Pode-se dizer que esse método interferiu no mundo da educação em todos os continentes.

Partindo de "temas geradores", o método propiciava uma reflexão do alfabetizando sobre os seus próprios problemas - o que gerava necessidade de posicionar-se sobre tais questões e de expressá-las em formas próprias de comunicação. Com o método de Freire, os adultos não se sentiam alheios aos temas de sua escrita e a leitura virava um aprofundamento do que já vinham vivendo, em suas experiências como trabalhadores e cidadãos.

Se os temas geradores fossem, digamos, terra, latifúndio, favela, enxada, foice, casa, eram essas as palavras a serem lidas e escritas, com seus significados debatidos. Toda a gama de desmembramento de outras palavras era oriunda dessas sílabas componentes das palavras-temas. FA-VE-LA pode gerar: vê-la, fa-la, La-ve, lu-va, fa-va, etc., assim como outras inúmeras composições com seus diversos grupos silábicos, num imenso repertório de possibilidades. Com isso, os jovens ou adultos constroem palavras nascidas de seu repertório "gerador"; e sendo elas debatidas, escritas e faladas, podem transformar as suas realidades pela práxis.

Os problemas de alfabetização não pararam aí: da perspectiva do método, o desafio contemporâneo é continuar a construir, com os leitores-aprendizes,a problematização sobre os temas geradores em cada nova realidade - como no mundo digital, especialmente.

Tornado realidade pela reorganização do capitalismo volátil, o mundo digital deve ser também objeto de um novo processo de alfabetização. O mundo digital em nada é menos opressor ou menos desumanizador que o mundo do latifúndio ou da favela. São desafios mais sutis e mais encobertos em aparências de globalização democrática. Como Paulo Freire pode ser chamado para ajudar a desenhar um método de alfabetização crítico-digital?

Para estar nesse mundo e poder participar de suas potencialidades é preciso dominá-lo. Este domínio não se dará pelo controle simples de seus manuais de instrução ou pela manipulação de seus teclados e softwares - "caminhar sobre as letras", como dizia Freire.

Tal participação demanda um aguçamento do senso crítico, acompanhando a discussão de seus problemas e de suas perspectivas. Este domínio se desenvolve também com a compreensão de seus instrumentais: navegar na internet, trabalhar com um processador para escrever um texto, poder enviar uma mensagem para o outro lado da cidade ou do mundo, criar uma agência de notícias ou editar jornais comunitários, divulgar seu currículo na rede: tudo isso pode ser um caminho freiriano de uso crítico e político.

Fonte: Folha de SP

Crise financeira interrompeu avanço na educação infantil, diz pesquisa

Crise financeira interrompeu avanço na educação infantil, diz pesquisa

REUTERS

A Campanha Global pela Educação alertou nesta segunda-feira que a crise financeira interrompeu os avanços na educação infantil nos países pobres, um dos temas a serem discutidos nesta semana na reunião da ONU que irá avaliar o cumprimento das chamadas Metas de Desenvolvimento do Milênio.

Há 69 milhões de crianças fora da escola no mundo, segundo um relatório da campanha --uma coalizão de mais de cem entidades-- que analisou os 60 países mais pobres do mundo.

Se todas essas crianças pudessem ser educadas para que deixassem a escola basicamente alfabetizadas, cerca de 171 milhões de pessoas poderiam ser tiradas da pobreza, diz o relatório.

"Se os cientistas podem modificar alimentos geneticamente e se a Nasa pode mandar missões a Marte, os políticos devem ser capazes de encontrar recursos para colocar milhões de crianças na escola e alterar as perspectivas para uma geração de crianças", disse Kailash Satyarthi, presidente da Campanha.

Dez anos atrás, a ONU definiu as oito Metas de Desenvolvimento do Milênio, a serem alcançadas até 2015. Uma dessas metas é universalizar a educação primária e eliminar a desigualdade de gêneros em todos os níveis de educação.

"O impulso dos últimos dez anos ainda pode ser aproveitado para tornar a educação para todos uma realidade dentro de cinco anos", disse o ex-premiê britânico Gordon Brown, membro da Comissão de Alto Nível da Campanha Global pela Educação.

"Se os orçamentos educacionais não forem protegidos dos danos da crise financeira, todo o progresso pode ser ameaçado, e gerações serão condenadas à pobreza", afirmou.

O relatório estima que os países da África Subsaariana terão de reduzir 4,6 bilhões de dólares por ano dos seus orçamentos educacionais por causa da crise financeira global. Isso representa um corte de 13 por cento por aluno da escola primária.

O texto de 34 páginas lembra que as dificuldades econômicas resultam "da crise no sistema bancário do mundo rico" e afirma que "a meta que poderia ter maior impacto sobre o crescimento econômico, a melhoria da saúde e do bem estar social e o desenvolvimento é assegurar acesso universal à educação de boa qualidade".

Segundo o relatório, a situação da educação primária é pior na Somália, Eritreia, Haiti e ilhas Comores.

O estudo faz várias recomendações, como a de que os países pobres dediquem 20 por cento dos seus orçamentos à educação, e que os países ricos dupliquem sua ajuda para a educação básica, chegando a 8 bilhões de dólares em 2011.

Na África Subsaariana, permitir que todas as mães concluam o ensino médio salvaria a vida de 1,8 milhão de crianças por ano, segundo a campanha.

Fonte: A Folha de SP

Um livro de educação direcionado aos educadores

Um livro de educação direcionado aos educadores.

Um livro direcionado para além das teorias das salas de aula. "As Reuniões na Escola e a Construção Coletiva do Projeto Educacional", de Francisco Carlos Franco pede atenção para outro campo importante nos modelos educacionais: os encontros entre os profissionais da educação envolvidos no mesmo projeto. E para o sucesso deste objetivo, o profissional sugere o diálogo democrático para a escuta e observação das reais necessidades dos usuários das instituições.

Na visão do autor, o que se percebe é que "em muitas escolas há dificuldade de estabelecer uma dinâmica cooperativa e participativa em seu cotidiano, com a permanência de diretores, coordenadores pedagógicos, professores, funcionários, alunos e pais num isolamento que compromete o objetivo precípuo da escola: a educação de nossas crianças e nossos jovens."

De forma crítica, Franco promove a discussão a partir da reflexão dos modelos educacionais "engessados" em grande parte das instituições. Falta de empenho, preguiça, inexperiência e desmotivação trabalham juntas e prejudicam as estruturas organizacionais escolares.



"A estrutura burocrática e centralizadora de muitas organizações escolares impossibilita o desenvolvimento de um trabalho em equipe nas escolas, reproduzindo a própria estrutura da sociedade, na qual o isolamento e o individualismo são características marcantes do sistema capitalista em que estamos inseridos", afirma o autor.

Estimular o debate para o bem coletivo envolve uma das principais discussões do livro. Francisco Carlos Franco também aborda ao longo dos nove capítulos o planejamento, condução e avaliação das reuniões, além dos encontros entre pais e mestres.

Fonte: A Folha de SP

A USP, principal universidade do país, decidiu revisar toda a sua graduação.

A USP, principal universidade do país, decidiu revisar toda a sua graduação.

Serão avaliadas mudanças nos currículos das faculdades e não está descartado o fechamento de cursos de baixa demanda no vestibular, informam Fábio Takahashi e Araripe Castilho, informa reportagem publicada nesta terça-feira pela Folha (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL).

A medida foi aprovada pelo Conselho Universitário, entidade máxima da instituição. "Não é possível que alguns cursos continuem hoje como eram na época de dom Pedro 1º", afirmou o reitor da USP, João Grandino Rodas, sem citar nenhuma carreira.

Além de analisar cursos com pouca procura, as unidades vão avaliar projetos pedagógicos, que devem ser mais "modernos e multidisciplinares". A carga horária vai ser revista, levando em conta flexibilidade para os alunos. Não há prazo para o fim da revisão.

Fonte: Folha de SP